O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro suspendeu a presença da Torcida Jovem do Flamengo de todos os estádios do país onde o clube vier a disputar partidas nos próximos seis meses, a contar desta terça-feira.
O período abarca o returno do Campeonato Brasileiro e os dois meses iniciais de 2013, nos quais o clube carioca disputará a Taça Guanabara (primeiro turno do campeonato estadual). A suspensão foi motivada pela morte neste mês de Diego Martins Leal, integrante da torcida Força Jovem do Vasco.
Segundo o promotor Pedro Rubim Borges Fortes, a suspensão tem abrangência nacional por se basear no Estatuto do Torcedor. O Ministério Público nos dez Estados que sediam partidas do Brasileiro, diz, já foram notificados da decisão.
Estão proibidos de ingressar nos estádios torcedores com camisas, bandeiras, faixas, instrumentos musicais ou outros objetos com o nome ou o símbolo da torcida organizada.
Fortes reconhece, porém, que a "eficácia" da medida é "limitada", já que não há a possibilidade de suspender individualmente torcedores.
Para barrar a entrada de algum integrante da agremiação, diz, seria necessário o investimento do Ministério do Esporte no cadastramento e na identificação biométrica dos membros de torcidas organizadas. Tais medidas, afirma, foram acordadas no ano passado com o Ministério Público, mas não chegaram a ser implementadas pelo órgão do Executivo.
Fortes disse ainda que a suspensão à torcida flamenguista segue à mesma lógica da imposta à Força Jovem do Vasco, também barrada por seis meses. O motivo, segundo o promotor, é "similar": a morte de um torcedor rival. No caso, a vítima foi o flamenguista Bruno Saturnino, morto em maio.
Bruno morreu após ser agredido na saída de um jogo no Engenhão, no Engenho de Dentro, zona norte do Rio. O vascaíno Diego Leal foi alvejado por supostos integrantes da torcida do Flamengo e morreu também nas imediações do estádio.
Para Fortes, a morte de Leal teve um agravante: foi motivada por vingança, o que está sob investigação da polícia.
A reportagem procurou contato com representantes da Torcida Jovem do Flamengo no endereço informado ao Ministério Público, mas não localizou nenhum telefone da agremiação.
Já o diretor do Departamento de Defesa do Direito do Torcedor do Ministério do Esporte, Paulo Castilho, disse que a criação do cadastro de torcedores "não é obrigação legal do ministério".
O órgão, diz, atua para "facilitar" a implementação da listagem e dos equipamentos de identificação, fornecendo sistemas de computador. "Imagine o gasto que não seria se o ministério tivesse de adptar catracas em todos os estádios, inclusive os privados?", indaga.
folha.com
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